Nem tudo são flores

A maior verdade é que você nunca vai poder fazer nada sem decepcionar alguém. Sem partir um coração. Sem quebrar uma promessa. Na dor se aprende, se conforma e sofre. Sofre pra aprender. Pra tirar algo que estávamos acostumados. Uma presença. Um cheiro. Uma conversa. Se tira o sorriso. Se colocam as lágrimas. Se tira a presença. Se coloca a saudade. E se aprende enquanto a ferida ainda machuca e ainda mais quando é cicatrizada, tenta-se não cometer o erro de novo, mas quem não erra não vive. É diferente de passar por cima do erro, voltar pra quem te magoou, essas atitudes irracionais, que se faz com o coração. Quem decepciona uma vez e tem de volta, recebe uma nova chance, de fazer de novo, de te fazer chorar de novo. Pode ser falta de fé nas pessoas, já que a existe o pedido de desculpas e o arrependimento. E aliás, arrependimento não conserta nada. E as lágrimas continuam a cair. Pela décima segunda chance. Me prometi. Não tem mais. Acabou. E eu estou acabada.

"Ao infinito.. e além, muito além.."

A falta de infinitismo me incomoda. Nem sei se essa palavra existe. Mas ele me cabe perfeitamente. Sempre quero saber o que me pode acontecer, hoje, amanhã, daqui um curto espaço de tempo. E quando nossa única certeza é que um dia, tudo tem um fim? É angustiante. Perde-se muito todos os dias, perdem-se pessoas, perdem-se amores e perdemos momentos que ficam pra trás. E quando nós perdemos? Quando deixamos de ser? Em um fechar de olhos, o escuro eterno. O relógio não comanda mais. Ele foi parado. Quem o parou? São perguntas infinitas em um tempo que ou se aceita ou se enlouquece. To tentando aceitar que um dia o que eu mais amo vai embora. Que os ossos vão ser mais pesados. E a alma mais leve. Mas não quero que levem de mim, que me arranquem um pedaço, quero ir junto, se preciso for. A ignorância é um presente. Não saber o nosso próximo passo, ou nossa próxima vida ou o próximo personagem que encenaremos. Porque se a gente já foi um dia, não deixa de ser, nunca. A vida não acaba com um breu ou com o pensamento silenciado. Recomeça. E lá vamos nós, retroceder a feto, já sendo (e sempre sendo) alguém.
O problema não é coração partido. É coração que tem medo de se partir. É coração que não gosta de arriscar. Coração que não se permite. Prefere ser sozinho. Veste uma armadura que nem o mais charmoso dos guerreiros é capaz de ultrapassar. Coração medroso. Bobo. Covarde eu diria. Prefere ser sozinho. A decepção não vem para aqueles que não se permitem apaixonar. Coração sem cicatrizes. Sem primeiro amor. Sem marcas profundas. E principalmente, sem lembranças.
Coração precisa chorar, precisa sangrar. Precisa ser partido ao meio e rasgado bem fundo. Coração precisa aprender a cicatrizar sozinho. Precisa superar decepções. Coração tem que aprender se despedir. Coração tem que ser enganado por algum idiota. Coração precisa se iludir. Precisa sonhar. Precisa ficar noites insones planejando diálogos que nunca acontecerão. Coração precisa deixar um pedaço de si a cada pessoa que deixa no passado. Coração precisa caçar as borboletas do estômago. Precisa brigar com o cérebro para que ele o permita fazer uma burrice. Coração precisa bater forte. Precisa acelerar. Precisa se emocionar ao escutar uma música. Ao sentir um cheiro. Aquele cheiro. Coração precisa sentir saudade. Precisa lutar contra o orgulho. Precisa esperar uma ligação que nunca vem. Uma mensagem que não diz bem o que ele quer ouvir. Coração precisa pedir ao cérebro que sorria sem vontade. Que diga que está tudo bem quando não tem nada dando certo. Coração precisa parar por uns segundos. Precisa esquecer-se de mandar ar para os pulmões. Coração precisa surtar. Ficar louco. Gritar alto suas mágoas para o mundo. Insistir. Desistir. Dizer que não acredita mais no amor. Que não acredita mais em ninguém. Coração precisa dar um tempo para cicatrizar. Arrumar a bagunça. Limpar a poeira. Mas acima de tudo, coração precisa aprender a recomeçar e se permitir ser roubado mais uma vez. Só mais uma vez.

          Isabela F.

"Além de bombear sangue, bobeia a gente."


Caixinha de surpresa essa
Guardada do lado esquerdo do peito
Faz amar e esquecer, na hora que bem entender
Não escuta as horas que choro
Não escuta as horas que grito
Não me escuta.
Teimosa, quer mandar em si mesma
Quer amar quem quiser
Sentir saudades de quem quiser
Quer sofrer e quer viver
Quer amar e não quer parar de bater
Oh, coração
Irei petrificar seus efeitos
Guarda-lo de forma que ninguém ache
Pra poder salvar-me de mágoas
Salvar-me de me apaixonar
Perdidamente
E literalmente
Pra me perder
Quando você decidir
Que é hora de partir.
Estava escuro e a água quente tentava - sem sucesso, limpar tudo que eu estava sentindo. Me sequei e sentei na cama. As luzes apagadas. A vontade de sumir aparecia a cada vez que me lembrava de tudo. A vontade que eu tinha de só deitar e deixar que meus olhos respondessem por mim, molhados. Que meu corpo me desse uma arrego e a consciência  um momento. Mas os pensamentos vinham aos montes, machucavam e em outras horas decepcionavam. Eu já deveria estar acostumada e tentava me convencer disso, nada nunca acontecia certo, era uma mudança repentina, uma falta de sentimento, uma ilusão.. E agora, o que é? Eu não tenho certeza, mas o que quer que ia ser, tive o prazeroso momento de matar tudo. Te fiz engolir o café e não minhas palavras. Te fiz esperar tanto. Te deixei. Mas é que é tudo muito novo pra mim, não faz sentido, passo as minhas noites de pijama vendo filme, passo minhas noites rindo e me divertindo sozinha. É o que eu sinto, eu não sei lidar. O novo assusta. O desconhecido pode decepcionar. É tudo muito grande pra processar tão rápido. Talvez nenhuma das palavras aqui façam nexo pra ninguém, mas eu sei que pra você vai fazer. Eu sei que eu não quero te perder, nem te deixar. Eu sei que eu sou confusão e o problema que você não precisa, mas eu não quero deixar isso morrer, como tantas outras vezes. Tenho vontade de desbravar muita coisa que escondo em mim, muita coisa que ninguém conhece ou sabe. Abrir feridas antigas. Apagar memórias mortas. Coisas que não me fazem bem. Tenho vontade de re-arrumar minha rotina, os cabelos e quem sabe o coração, se você me ajudar, eu topo tudo. Fico de bem com o relógio e prometo chegar, na hora que você me chamar. Só não vai embora. Sorri de novo pra mim e eu sei que vai ficar tudo bem. Vai ficar até que eu estrague tudo. Mas sei que ainda podemos rir juntos, de todas as trapalhadas que a vida coloca pra gente viver, todos os choros que faz acontecer e os sentimentos que ela faz nascer e entre outras morrer.
O celular vibrou. Não tive a minima vontade de pegar até ler seu nome na tela.
- Você é o maior problema que me meti nessa vida. Mas se não fosse assim, me arrependeria de ter te encontrado.
Sorri entre todas as lágrimas, a luz continuava apagada e os sentimentos eram os mesmos. Mas agora eu sabia que você entendia e sentia o mesmo.
- Sou o problema e você a solução.
E aposto que ele riu, com aquele sorriso lindo.

Antiguidades guardadas em mim.

Limpei tudo que estava fora de mim.
Não posso limpar aqui dentro
Não agora que tirei o pó das nossas histórias
O pó da memória
Que te escondeu do tempo
Pra não levar-te embora
E não me deixar sem acalento.
Você faz parte de mim
Não serei eu se não sentir saudades suas
Melancolias que não passam
Dias que vêm e vão
Mas não me tiram
Lembranças que me prendem
a teu amor
O amor que se eternizou
Se lembrando
Dia a dia
O amor que morreu
E foi enterrado comigo
Um peso que carrego
Um choro que espero
Um adeus que não aconteceu.

Mas um dia vai ter que ir
Não hoje
Nem amanhã
Eu ia sentir falta
De lembrar
E ia sentir falta
De ser só mais alguém
Sem amor
Ia ter que recomeçar
Ia ter que amar de novo
Pra depois perder
E ia doer do mesmo jeito
E eu ia lembrar da mesma forma
Por ter-me conquistado do mesmo jeito.

Poderia agora jogar tudo isso fora
Esquecer os detalhes
Mas nem se quisesse tanto
Que me forçasse a não lembrar
Nas horas inevitáveis
Você me invade
E saudade
Coisa tão triste
Vem tão querida
Que preenche
O vazio que falta
O vazio que corta
O vazio que fica
Quando você vai
E não me leva.

E se a vida fosse uma fotografia?

A vida é uma fotografia. E cada um faz seu filme com as fotos que quiser. Tem fotos que ficam amareladas, guardadas na memoria, as tal fotos lembranças. Tem as fotos rasgadas, amaçadas em que seu rosto foi arrancado há muito tempo. As fotos novas, em que parecemos mais felizes que somos. As fotos que não são nossas, de momento que não vivemos, mas gostaríamos de ter. As fotos perdidas, as que não foram tiradas, as fotos que se arrependeram de terem sido reveladas. As fotos de amor, os casais, o primeiro beijo e os encontros. A foto família, o choro do primeiro filho. A foto luto, a perda de um grande amigo. A foto borrada, que não nós lembramos de ter tirado. E todas as fotos juntas, que constituem que a gente foi, o nosso álbum, as coisas vividas e eternizadas no clique. A vida é tão curta quanto o filme que sobra na câmera, então não o desperdice com fotos ruins. Faça algo que você possa se orgulhar de ter tirado. Ou ter vivido.

O teu eu.

O que será de mim se ficar assim, por mais tempo
O que será de mim se não conseguir
Evitar que você me invada
Evitar criar morada
Pra depois partir.
Oh, o que será de mim
Sem você aqui.
O que será de mim sem você?
E o que irei fazer quando você se for
Por um longo tempo, eu não sei
Vai ser pra sempre?
Você me enche de dúvidas
E de amor, entre outras.
Eu não quero que você se vá
Mas você diz que eu não entendo
Que você precisa
E eu digo que preciso de você aqui.
Vem pra ficar e não larga mais de mim
Vem pra ficar e não faz assim
O que será de mim sem sorrir pra você?
O que será de mim sem ser assim,
sua, tão sua, só tua.

Por onde andei?

Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia
Que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança.
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama.
[...]
Por onde andei?
Enquanto você me procurava
E o que eu te dei
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava..
                                                                        Nando reis.
Eu espera poder me evitar, todos os dias pedindo que você não me atingisse, fugindo de mágoas e arranhões, fugindo de qualquer coisa nova e desconhecida, evitando qualquer contato que desse em faísca ou em qualquer coisa que balançasse os sentimentos. Me evitei e me prendi. Me aguardei sem nem sentir. Não precisava sentir, era palavra descartada. E você bagunçou tudo, todos meus planos de não amar, todos meus planos detalhados, minhas análises do futuro. Você vem como não quer nada e me arranca um sorriso de não se querer mais tirar da cara. Você vem como não quer nada e me faz querer tudo. Me tirou de mim e me colocou em você. Nos sonhos mais escondidos, nos pensamentos mais guardados, eu já havia imaginado tudo isso. Eu já tinha idealizado até poder fazer acontecer. Poderes invertidos pra realidade. Assusta. Pra dizer a verdade eu estou bem assustada, eu não faço ideia do que vai acontecer amanhã ou quanto vai durar, não faço ideia do próximo passo ou de qualquer pensamento seu. Mas essa não é a graça? As surpresas, as borboletas adormecidas voltando a ativa, os abraços demorados e os olhos fechados, pra sentir, apenas sentir. Eu não sei o que iremos ser e nem como o tempo vai estar amanhã, não sei se virará lembrança e uma saudade molhada, se um dia qualquer vestígio seu vai ser apagado ou se vai durar pra sempre. Eu só não sei. E é tão reconfortante não pensar nas consequências, nos futuros, nas premeditações. Nem se eu quisesse pensar em outras coisas não poderia, você me invade. E só vai ficando cada dia mais difícil tirar você do pensamento.

"amargura s. f. 1. Uma amargura. 2. desgosto ou tristeza, especialmente por não satisfazer uma necessidade ou um desejo: lembra amargamente."




Amar.Gura

As manhas eram cinzas. As tardes sempre se tornavam escuras e longas. A noite se encontrava deitada pra não pensar em nada, pra deixar os pensamentos irem embora, em uma tentativa frustrada de sono. As vezes algumas lágrimas escapavam entre uma fresta de sentimentos e outra. A maioria dos dias vem passando sem graça, cinzas. Tudo era tão bom desde que você chegou. As coisas tinham graça. O céu até outro tom. O relógio bate em um tic toc que desconheço, lento como nunca. O tempo se passava tão rápido contigo, talvez por eu nem nota-lo. Espero que os dias corram rápido, que as noites passem voando, contando que você torne a voltar. Ou contando que tudo seja um pesadelo e que em um piscar de olhos tudo esteja como antes. A vida corre em passos lentos de modo que não consigo mais acompanhar, a rotina perdeu a graça e a casa está mais vazia que nunca. O cachorro fica cheirando todo espaço que você já ocupou. A cama ainda esta feita pra dois. Mesmo que eu durma sozinha. Tudo grita pra que você retorne. Uma pena que você não possa ouvir.

(Re) Começar.

Te deixo agora
Cheia de promessas compridas
Com dúvidas resolvidas
E planejamentos feito.
Te deixo agora
Segura que era o certo
Sem duvida que o afeto
Nunca morrera.
Te deixo agora
Sem lágrimas
Deixo pra trás
Qualquer lembrança
Boa ou ruim.
Te deixo agora
Mesmo você achando ruim
Mesmo implorando pra ficar
Te deixo agora
Arrependida por não ter feito antes
Sem saudades antecipadas
Ou arrependimentos
Te deixo agora
Nas lembranças
Que não serão lembradas
Nas saudades
Que desapareceram.
Te deixo agora amor
Pra poder ser outras coisas
E sentir tantas outras.
Sim. Estou te deixando pra trás.
Como eu disse que faria todos esses anos
Já se passou tempo demais pra choramingar
Minha vontade não se limita
A te relembrar.
Te deixo agora amor
Com medo
De nunca parar de te lembrar.

Ps. eu te amo

Lisboa, 5 de maio de 2007
Para marina.
"Meu coração tinha desacelerado. Meus olhos lacrimejavam e eu resistia a não chorar. Como pode acontecer isso com a gente? Como a gente pode deixar, deixar que a vida só empurrasse toda nossa relação pra de baixo do tapete, como se faz com sujeira. Como a gente pode dormir sabendo que todo dia, um morre no outro, um se torna um estranho a cada "você sumiu, apareça". Me faça aparecer, me mostre que sente minha falta e não deixe isso morrer. Não é assim que funciona, você ia me dizer.
Se você não da o primeiro passo, como eu vou saber o caminho? Eu só ando tentando tanto e acabando em nada. Nada diferente, nossa relação só afunda mais quando tento puxa-la pra cima. Conversas vazias, abraços rápidos e sem beijo de despedida. Onde é que vinhemos parar? Talvez nem tudo possa durar pra sempre, nem o que parecia eterno. As coisas tem que encontrar seu fim, seja durante a vida ou a morte. Talvez seja inevitável os afastamentos, as perdas, as mágoas. Talvez tudo que eu precise é aceitar. Mas eu não quero me conformar em te deixar partir, não quando ainda existe tanto de você pra ser vivido em mim. Não quando além de aceitar, a gente possa mudar os fatos, as estatísticas e quem sabe até a física. Podemos sim, ocupar o mesmo espaço, os dois corpos. Os dois, unidos. Outra vez. Pois se sempre fomos assim, o que nós fez mudar agora? Não consigo mais suportar o vazio que fica quando você vai e não me leva, as lágrimas que você provoca por ir embora ou as esperanças que se perderam na nossa causa."
Ps. Eu insisto que você me responda. E não em chame de dramático e nem torça o nariz. Eu te conheço.  
Pps. Marina, só entende que eu sinto sua falta. Como eu nunca tinha sentido nada igual. Agora eu sinto sua ausência. E machuca. E como machuca.
Volta logo pra mim,
   Com amor
                      Joy."

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