Entre um bolo e outro

Chapeuzinhos, bolos e velas. Me arrisco a dizer que aniversários são um pouco mais que isso. É a época em que você vê quem realmente te importa e que vai ficar por um bom tempo na sua vida, ou ate, quem não se importa ou muito menos faz parte dela. É a data em que falamos o que sentimos, esperando os que sentem se abrir mesmo fechados. Por mim seria assim todo dia, tantos sentimentos escapam sobre a brecha que se da ao medo, a correria e antigas falhas. A gente sempre espera que o desejo ao soprar a vela se realize ou que um grande texto de amor venha a tona. A gente realmente espera. Uns esperam ate o próximo ano, outros, desistem. Pessoas não foram feitas pra cumprir expectativas. Ainda não desisti, sentei exausta, metade feliz e outra metade meio querendo deixar pra lá, que ano que vem invento desejo melhor, ser feliz não cola mais.

"Isso é o que o amor faz.."

Poderia escrever sobre todos os sentimentos mais tristes do mundo
Mas desde que você chegou não os sinto mais.
Poderia descrever a dor de uma saudade longa e antiga
Mas desde que você chegou não a sinto mais.

Poderia escrever sobre todos os meus amores perdidos
E as marcas que cada um deixou pra trás
O amor esse tão curto
Faz-se tão longo no esquecer.

Poderia descrever como os dias mudaram
E como tenho esperado tanto para que você também não parta
Levando tudo que eu jurei viver
E como outras vezes doeu também.

Desde que você chegou o tempo parece diferente
Ou talvez sejam só reflexos de alguém que se encanta facilmente.
Desde que você chegou o passado parece tão distante
Que nem me esforço a alcança-lo

Escrevo tentando entender o que sinto
Descrevo o que você me faz sentir
Desde que você chegou aqui
E arrisquei, medrosa, pensando em desistir.



Minha fuga.

Queria perder a consciência em um ato desesperador pra te esquecer. Tenho a consciência do que realmente significamos mais e que nunca vai ser possível, tenho a consciência que nosso beijo não se encaixa e nossas cabeças não se batem. Sei demais, fiz demais, amei demais. Nunca vou aprender a lidar com a dor de se perder. Quero perder a consciência pra que de algum modo você suma de mim, quero voltar pra época em que não era grande o seu significado pra mim. Queria que você visse, como eu vejo. Me amasse, como te amo. Acordasse desse sono profundo, como eu acordei hoje. Eu não posso admitir que você sempre foi meu grande verso, minha poesia completa e a rima que se encaixa com tudo. Me perco sem você. Queria perder minha consciência. E sei que mesmo assim, você não sairia de mim, meu coração também é seu. Acorda... repito de novo, mas você não ouve.

Oh, oh, trouble, trouble, trouble...

A mesma música ecoava pelo quarto, uma, duas, três vezes seguidas, mantinha minha cabeça deitada sobre o colchão duro, a cabeça reclinada e os olhos se esforçando pra ficarem abertos. Me sentia hora perdida, hora encontrando-me de novo naquilo que tinha me feito deitar tão cedo, o corpo pedindo arrego e os sentimentos atenção.  Parecia que tudo estava errado ultimamente, as falas, o meu jeito, as pessoas. O mundo realmente está ao contrário. E ninguém reparou que me sinto assim também.
Eu hoje joguei tanta coisa fora, apaguei tantos contatos e conversas, amassei fotos, briguei com gente que eu achava que nunca ia perder. Hoje, joguei meu passado fora. E tanta gente, memórias e saudades foram com ele, tantas partes de mim. Vi meu passado inteiro passando por mim. E eu indo junto. Senti vontade de voltar atrás, de tentar continuar presa, me sentindo parte de algo.
Mas agora já foi. E já era. Preciso de coragem, de ânimo, novos amores. Uns errados que me ajudem a encontrar os que sejam certos. Menos desistências, menos sentimentos guardados, menos mágoa, menos moinha. Um novo começo. Um que não sei se vou ter coragem de viver, mesmo que bata a minha porta, um começo que vou a trancos e barrancos. Uma nova história, sem rouquidão, sem que meus sentimentos não sejam significativos. Só não peço que eu seja nova também, nasci assim, meio a torto e meio a direito e também quero morrer assim, mesmo que ainda possa mudar um pouco, tem traços que são definitivos.
De novo quero um coração. Com menos arranhões, menos falhas, menos curativos. Com mais coragem, mais vontade e persistência, que se abra não pela metade, o quero por inteiro. Que ame e desame quando achar necessário, que não se magoe por tão pouco e que saiba julgar por merecimento quem entra ou quem sai.
Essa utopia de realmente achar que pode mudar o que vem com a gente, essa teimosia, os erros, a pressão do que estamos em volta. O mundo espera de você. As pessoas esperam por você. A cidade não para. Nem as luzes se apagam. Ou se vive agora ou nunca sai de si mesmo. Decidi mesmo que com a cabeça sufocada em um travesseiro, chorosa, que é agora. Hoje ou nunca. Já errei. Ninguém pode mudar tão radicalmente. Abaixei a cabeça de novo. Meu problema não tinha solução. Tinha só, meu soluço.

Sentir para ser.

E quando o coração fica tão apertado dentro do peito que some?
Some para esconder o que muitas vezes sente
Some para que não se sofra, para que não se sinta.
Então o que somos senão fingidores?
Fingimos ao esconder a dor que se sente.
Esconder para que não magoe nem se fragilize.
O que somos se não ocultadores de nós mesmos?
 Nós podando a cada instante
Fazendo que coisas antigas permaneçam vivas,
Coisas antigas não machucam mais, não surpreendem.
Se conhece o final e nele se sabe o desfecho.
Não parte o coração ou nós parte no meio.
A coisa mais difícil desse mundo é recomeçar.
Do zero ou pela metade.
É preciso investigar novas verdades,
Se arriscar.
Não devemos esperar que entendam nosso amor
Ou que compreendam nossa dor.
Mas esperamos.
Somos fingidores.
E não só de nós mesmos.
Nós fingimos porque é sempre mais fácil acreditar no que se cria.
A realidade devia ser um sonho.
E eu, me despertaria.

Rabisco de saudade.


Eu só sentia a sua ausência nas horas de descuido, entre uma lembrança boa e outra ruim.
Eu só sinto sua ausência em momentos que eu precisava de você aqui.
Eu só sentia a tua ausência quando nada me encaixava mais perfeitamente.
Eu só sinto sua ausência quando lembro que você se foi.
Eu só sei sentir a sua ausência quando o dia escurece e as pessoas se vão, quando fico comigo.
Eu só sentia sua ausência quando seu nome vinha a tona.
Eu só sinto a sua ausência quando me enche de saudades.
Eu só sentia um aperto no coração mas agora os sentimentos variam.
Eu sinto a sua ausência quando meus olhos me escapam e meu coração amolece
Eu sinto falta de você aqui.
Eu SINTO e SENTIA, presente e passado, atrelados.
Eu só sei sentir sua ausência,
Já que não soube sentir você.

Com quantas esperas se faz uma vida?

As esperas demoram o dobro de tempo que tenho pra perder
A espera do que espero de você
A espera de desejos que não vão acontecer
A espera que me corta em pedaços.

A espera pra poder ter
A espera que eu volte a ser
A espera que tudo se ajeite
Ou a espera da cura da dor deixada por alguém.

A espera que você entenda meu amor
E a espera que eu entenda o que sou
Ou o que me tornei
A espera de que o dia que se foi, volte

Esperando coisas que não terei
Ou não serei
E me iludindo em um mar sem fim
Que as coisas se resolvem fácil assim.

Anabel sempre me procurava quanto tinha problemas. Ou precisava de conselhos. Nunca havia me contado nada feliz, já que sem problemas não precisava de mim. Isso as vezes me decepcionava, mas já tinha me convencido que era o jeito dela. Nós encontramos esses dias e ela disse que ia casar. Me senti desapontada pois quando ficou noiva eu não soube ou quando ela e o noivo que não conheço se desenrolaram. Fui pra estação de metrô. Me imaginei tirando fotos das pessoas, como fazia sempre. Cumprimentei alguém que não conhecia só pra ver suas faces estranhas se esforçando pra lembrar quem eu era. Ficaria feliz se lembrassem, assim podia eu, saber quem eu sou, além do que os que me conhecem vem. Sentei ao lado de uma mulher de cabelos brancos, pensei em fazer o mesmo com ela, mas tinha um olhar perdido.
- Bela lente de contato.
- Não uso lente. São verdes assim. - Retruquei, ofendida.
- Invejo teus olhos moça.
A mulher de cabelo branco passou de observadora a assustadora.
- Eu não sei o que te responder.
- Sempre causo isso nas pessoas.
- Convencida também?
- Tens o coração meio amargurado né?
- A senhora não me conhece.
- Seu olhar me diz muita coisa, por isso perguntei se eram lentes.
Era uma velha louca. Lucidez? Não tinha nenhuma.
- Não estou amargurada.
- Você não tem um amor.
- E o que isso implica em amargura?
- O amor compensa a vida.
- Você teve um pra compensar a sua?
- Estou sentada aqui a 3 horas, rodo o dia inteiro, com o olhar perdido. Você acha mesmo que eu encontrei um amor?
- Acho.
-  E o perdi. Pra sempre.
- Você acredita em vida após a morte?
- Você é especial.
E em poucos segundos relatei toda a minha vida pra senhora. E como eu esperava que alguém ainda me roubasse de ser quem eu era e me transformasse. Ela disse que eu só tinha que me permitir. Acatei o conselho. Algum dia ainda vou passa-lo á Anabel.
E quando são as poucas vezes que não sinto a tua falta?
E quando te peço, porque não vem?
E as nossas memórias mortas?
Guardou as minhas feições? 

Tento me ocultar das respostas
Pra não abrir os olhos
E despertar do sonho de te ter pertinho 
Tão quietinho a sussurrar meu nome.

Parece tão real quanto a dor de dentro da gente
De quando amar tinha significado
E amar e ser amado
Ainda era idealizado. 



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