Who you are?

Menina calada
Contida
Mantinha silêncio completo
Sobre si mesma.

Surpreendeu-se
Quando abriu a boca
E disse verdades para outros
Verdades que refletiam em quem era ela.

Verdades sobre quem somos
Encapuzadas em um narrador
Não, não era você.
Sempre fora ela que precisava ouvir aquilo.

Procurara fazer entender
Repetia seus pensamentos em voz alta
Mudou da primeira pessoa
Mas continuou a mesma.

Tentava de todos os jeitos
Acordar de sonhos profundos
Mas se mergulhava neles
Após qualquer decepção.

Chorara assim que se deu conta
Que um dia sonhos são devorados
Não pela vida ou por pessoas
Mas por nós mesmos.









Me afogo em solidão..

Debruçada sobre um par de almofadas olho o celular algumas vezes seguidas, ligo, desligo. Tentativa falha de comunicação, não tinha nada seu ali. Entristeço calada. Ouço música calma, leio um livro de romance, escrevo bobagens em um caderno de anotações. O tempo só passa. Mesma vontade, de conversa boba, de risinho. Mesma vontade de você.
Talvez eu me importe demais, ou não saiba entender, quase nunca sei. Estou em uma confusão absoluta, sem saber o que ler, escrever, ouvir, pra poder passar o tempo que você passa sem mim. Sem saber, escuto o que falam, sem saber, retruco quando me falham, sem saber.. E como doí, doí ser a dor da gente. E doí não saber curar, cuidar. E que a tua dor não ampare a minha.
Me rendo, me culpo, me julgo.. Droga. Não podia ser assim, não podia ser eu quem fazia o papel de boba, acredite, já o fiz muitas vezes. Você é sorrateiro, deixa tudo mais complicado. Oh, a complicação.. junto com ela a vontade de desaparecer, no amaranhado de pensamentos sem nexo, deixo os olhos molhados, nenhuma lagrima cai, me contenho.
"A vida não é uma fabrica de realização de desejos.."A vida não realizou os seus desejos, frustou-lhe na primeira oportunidade que tivera. Machucou-se. E não quer repetir a dose, vê se entendi bem? Somos egoístas. Suponho que agora, meus desejos não ganhem a forma que sonhei que tivessem, decepcionaria-me mais vezes, se você as fizesse. Tem sido muito pra mim também, já não consigo mais organizar as ideias claramente no papel, sentimentos nulos, era a hora. Tirei o dia pra te tirar de mim. -mas você não sai.. mas você não sai..

Augusto,
"Como a esfinge, decifra-me ou devoro-te, tivera medo, não conseguira saber o que se passava em você, tentei, tentara, tentamos. Era metade medo e outra metade coragem. Dessa vez, tinha traços totalmente humanos embora não parecesse um. Coração empedrado. Impossível de se enxergar ou chegar, mais a fundo. Reza a lenda que já o ouviram chorar, a tal esfinge, uns juram ser mentira, era forte demais pra demonstrar qualquer coisa, sentir então. Lenda. Contava sua vida como lenda, mesmo tendo vivido cada detalhe, decepção, morte, sofrimento. Era só o efeito colateral, mesmo que as vezes deixasse que isso ocultasse quem realmente era. Demonstrava e maltratava na mesma intensidade, como se quisesse roubar atenção especial, pensamentos e uma curiosidade desleal, tratava-se de uma curiosa além de tudo, o queria conhecer a fundo, o queria a fundo, dela, uma ameaça a um coração mole, era romântica que acreditava nos clichês, mas, não em conto de fadas. Os clichês da vida real, contava em viver um e escolhera, logo quem, uma esfinge, indecifrável pra ser o seu. No seu final a decifrava, a reparava dos danos e poderiam assim consertar-se. Já que ambas carregavam cicatrizes. Uma exposta e a outra, tão guardada. Eram opostos. E isso não só os atraia, como traia seus instintos mais naturais, repeliam-se, pra bem perto. Nele, o medo de ser encontrado e a vontade de ser resgatado, a descrença que nada daria certo e o escudo de proteção sempre a posta. O enigma a cobrir-se, o ar misterioso, o charme indecente. Perfeitamente errado. Era criatura em forma de criador.
Devorariam-se no fim das contas, já que mal sabiam decifrar-se."
(Em terceira pessoa ou não, você sabe que somos personagens dessa historia.)
                                                                                                                            Ayla.

Catarina.

Tinha olhar distante e a cabeça baixa, chorava baixinho, como se fosse invisível.
Carregava milhares de problemas, tinha um papel escrito no colo e o olhava sem parar.
Se agarrou a um casaco vermelho de lã e chorou um pouco mais.
Nada saia dela, nem os pesos dos problemas, dos olhares, das reclamações.
Queria fugir. O mais longe possível. Imaginava pegar um ônibus quando escurecesse.
Não podia. Sabia que não era sim, por isso choramingava.
Sabia demais. Conhecia a dor e o amor, sofrera antes, agora e sabia que ia sofrer depois.
Pedia abrigo, cuidado, zelo.. Ainda a olhavam torto, não entendiam.
Alguns até riam, dramática, diriam.
Poucos a decifravam, poucos a conheciam, poucos se importavam.
Alguns curiosos. Outros, comovidos.
Não era aquilo que procurava, na verdade, nunca soubera.
Mas tentou, de maneiras tortas, outras erradas.
E se arrependera. Como era de costume.
Mas o que era ela se não uma menina? Humana. Carne e osso.
Uma menina encostada sobre problemas que mal sabia consertar.
Menina moça, encantada, choramingava ainda, sem rumo nenhum.
Tinha nome, forma, jeito... Mas não se conhecia.
Era o que a impuseram, o que foi lhe dito, o que foi lhe feito.
E nunca parara pra pensar que ia se bater com o espelho
O reflexo estranho, desconhecido.
O que quisera ela refletir?
Um choro.
Sentia-se triste. E só.

Amor curto, saudades longas.

Tenho tanto pra dizer e tenho dito tão pouco.
Tenho procurado por você nas horas de descuido.
E nas horas que cuido pra não lembrar, você também esta lá.
Perco o rumo quando não me lembro de tudo.
Mania minha de lembrar só do que me aconteceu com você
Memoria seletiva. Deixando só o que ainda pode machucar presente.
Não me incomoda mais, acostumei-me com a saudade.
Sempre estava presente.
Ou seu nome ou o nosso termo "saudades",
Porque era a única coisa que eu conseguia sentir
Saudades, repetia.
Mesmo sem saber do quê.

Te levo além do que se vê..

E dentre um mar de coisas ruins me apareceu você
Não foi difícil de perceber que seria diferente
E que um completaria o que o outro não tinha
Ou escondia por medo de não ser o certo.

E eu te disse que você era cego e que não (me) enxergava
Nada foi mais como antes, mesmo que eu tentasse
E fugisse das suas perguntas, mas que diabos,
Por que você não vê?

E como eu espero que chegue o dia em que seus olhos saiam do que já são acostumados a ver
Que você vá mais além, até me encontrar.
E que finalmente eu possa parar de me esconder em meio a multidão
E viver, investir, libertar.. são novos verbos, mas tenho medo de tenta-los.

A ilusão me fez acreditar que eu pudesse mudar pessoas
Acredite, tentei. Talvez eu não seja boa com essas coisas
Ou você cabeça dura demais. E além de ver, não escuta.
Aliás, qual dos sentidos você também não tem?

Perdi todos com você. Os meus. Você rouba tudo de mim.
A minha parte preferida, é quando me rouba um sorriso
Mas tem dias que me rouba lágrimas, acostumei-me.

Talvez eu já não saiba viver sem você.
E esse talvez seja meu perigo eminente
Esse e o meu medo de te perder
Quem sabe, você me completa demais pra me desfazer assim.

Não adianta, repeti por fim, exausta de brigar comigo.
Não abrirei seus olhos ou te farei escutar
Já te dei tudo que podia te dar, te falei tudo que podia falar
Me doei. E me doí até agora.















O meu defeito é ser tão sua..

Bati o portão enferrujado a minhas costas com força, talvez tivesse sido a raiva falando por mim. O sol estava em pino, uns quarenta graus sem exageros, a roupa que eu usava estava praticamente grudando no corpo, irritando. Tinha saído de casa praticamente enfurecida, tinha escutado coisas que não merecia ouvir, ou pelo ao menos não agora. Saí pra espairecer, fugir, me encontrar sozinha. Não fazia a minima ideia para onde ir ou o que fazer. Peguei um taxi. Me encontrei de frente a sua casa. Quem mais poderia me ajudar?
- Oi.
- VOCÊ SAIU DE CASA?
- Engraçadinho.
- É estranho ué. Achei que você estivesse sendo torturada pra não respirar os ares de fora das suas janelas.
- Torturada por quem? Moro sozinha se você não se lembra.
- Você me lembra isso todos os dias.
Me sentei, tinha um ventilador quebrado nas pontas que ainda girava, pensei em fazer um comentário sobre ele mas Michael podia não gostar.
- O que te faz sair de casa?
- Sei lá.
- Você e seu "sei lá" que pensa que responde tudo.
- Mas responde e ainda não me compromete.
Eu adorava responder com incertezas, não me fazia pensar e nem precisava me abrir ou falar dos meus sentimentos, nunca faço isso, aliás.
- Dor de cabeça ou de coração?
- Os dois.
- Apaixonada Julie?
- Paixão é para fracos, bobo.
- Fragilidade faz parte de ser humano.
- Seja fraco você então.
- Seria fraco com você.
Fiz-me de desentendida. Mesmo que ele quisesse dizer o que sentia e mesmo que indiretamente, eu quisesse também.
- Não te entendo, nunca.
- Você quer mesmo saber não é?
- Acho que você também quer que eu saiba, você veio até a minha casa não veio?
Desabei. Em todos os sentidos que a palavra alcance.
- Não sei o que fazer em relação a augusto, se o espero, se desisto, se me canso, se me permito, se falo o que eu sinto, se...
- Ainda nisso?
- E quando que não estive enrolada entre tentar e desistir?
- Acho que no dia que você tiver certeza nunca vai querer desistir, você é certa demais pra pessoas erradas demais.
- Mas não dizem que os errados nós levam aos certos?
- Sua cota dos errados chegou ao fim faz tempo, juli.
Hahahaha. Só você mesmo. Quantas vezes passei por isso, alternando entre insistir sem fé nenhuma ou desistir sofrendo por saudades. E quantas vezes estive nessa mesma conversa, com a única pessoa que entendia.
- Queria que a cota dos certos chegasse, isso sim.
- Se você parasse de procurar e se deixasse encontrar.
- Mas quem procura não acha?
- Eu já te encontrei só falta você se encontrar.
- Você é frágil demais.
- Quando digo que você me completa.
Disse que precisava ir e agradeci pela conversa e por ele ser tão meu. Ele riu e disse que só faltava eu ser dele também.
Me senti destruída na volta pra casa, agora o clima era frio e eu me sentia assim também, como se viver com o peso que eu podia ter felicidade nas mãos fosse complexo demais e me arrastar por relações que nunca vão dar certo, fosse mais fácil. "O meu medo de te perder me faz não querer que a gente se encontre" tive vontade de dizer tantas vezes e me calei. Porque havia muito a ser dito e muito a ser sentido. Mas foi tudo guardado por medo. Mesmo sabendo que ia me arrepender depois, guardei o amor que eu nunca saberia te dar.

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